Eça de Queirós
José
Maria de Eça de Queirós nasceu
em Póvoa de Varzim no dia 25
de novembro de 1845 e
faleceu em Paris, no dia 16 de
agosto de 1900. Foi um dos mais importantes
escritores portugueses da história da literatura portuguesa. Foi autor de romances de reconhecida importância, como Os Maias e O
Crime do Padre Amaro, sendo o primeiro considerado, por muitos críticos, o
melhor romance realista português do século XIX.
Eça era filho de José
Maria Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro em 1820 e delegado do
procurador régio em Viana do Castelo, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça,
nascida em Monção em 1826. O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento.
O pai de Eça de Queirós, magistrado e par do reino, convivia
regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se
divertir no Largo do Café Chinês. Uma das teses para tentar justificar o
facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento
sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário
consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De
facto, seis dias após a morte da avó, que a isso se oporia, casaram-se os pais
de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos.
O pai era
magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do
célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo
Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado
por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do
Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Eça de Queirós passou a sua infância e adolescência longe
da família, sendo criado pelos avós paternos. Estudou num Colégio da cidade do
Porto. Ingressou em 1861 na Universidade de Coimbra, onde em 1866 se formou em
Direito. Manteve ligação com Antero de Quental e Teófilo Braga, escritores da
chamada "Escola Coimbrã", mas só aderiu ao grupo em 1870.
Exerceu a advocacia e o jornalismo em Lisboa. Em 1867,
dirigiu, na cidade de Évora, o jornal de oposição “O Distrito de Évora”. Voltou
para Lisboa e revelou-se como escritor no folhetim “Gazeta de Portugal”. Em
1869, como jornalista, assistiu a inauguração do Canal de Suez, no Egito, que
resultou na obra “O Egito”. Em 1871, com a colaboração do escritor Ramalho
Ortigão, escreveu a novela policial "O Mistério da Estrada de Sintra"
e, nesse mesmo ano, lançou um folheto mensal "As Farpas", contendo
sátiras à sociedade portuguesa e suas instituições.
Em 1871, Eça de Queirós proferiu em conferência o tema O Realismo Como Nova Expressão de Arte,
no Casino de Lisboa. Em 1872, ingressou na carreira diplomática, foi nomeado
cônsul em Havana e, em 1874, foi transferido para a Inglaterra.
O romance O Crime do
Padre Amaro, publicado em 1875, foi o marco inicial do Realismo em
Portugal. Nele, Eça faz uma crítica violenta da vida social portuguesa,
denuncia a corrupção do clero e da hipocrisia dos valores burgueses.
Em 1885 visita, em Paris, o escritor francês Émile Zola.
Casa-se com Emília de Castro Pamplona Resende, em 1886. O casal teve dois
filhos, Maria e José Maria. Em 1888 foi nomeado cônsul em Paris, ano em que
publica Os Maias.
Por fim, surge uma nova fase literária na obra do escritor,
em que Eça deixa transparecer uma descrença no progresso. Manifesta a
valorização das virtudes nacionais e a saudade da vida no campo. É o momento
dos romances "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as
Serras", o conto "Suave Milagre" e as biografias religiosas.
Obras
de Eça de Queirós
O Mistério da Estrada de Sintra,
1870
O
Crime do Padre Amaro, 1875
A
Tragédia da Rua das Flores, 1877-78
O
Primo Basílio, 1878
O
Mandarim, 1880
As
Minas do Rei Salomão, 1885, tradução
A
Relíquia, 1887
Os
Maias, 1888
Uma
Campanha Alegre, 1891
O
Tesouro, 1893
Adão
e Eva no Paraíso, 1897
Suave
Milagre, 1898
Correspondência
de Fradique Mendes, 1900
A
Ilustre Casa de Ramires, 1900
A
Cidade e as Serras, 1901, póstuma
Contos,
1902, póstuma
Prosas
Bárbaras, 1903, póstuma
Cartas
da Inglaterra, 1905, póstuma
Ecos
de Paris, 1905, póstuma
Cartas
Familiares e Bilhetes de Paris, 1907, póstuma
Notas
Contemporâneas, 1909, póstuma
Últimas
Páginas, 1912, póstuma
A
Capital, 1925, póstuma
O
Conde de Abranhos, 1955, póstuma
Alves
& Companhia, 1925, póstuma
O Egito, 1926, póstuma
Questão
Coimbrã
António Feliciano de Castilho
dispunha de influência e relações que lhe permitiam facilitar a vida literária
a muitos estreantes, serviço que estes lhe pagavam em elogios.
Em redor de Castilho formou-se assim
um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias
correspondia à hipocrisia das relações humanas.
. Em 1865,
solicitado a apadrinhar com um posfácio o Poema
da Mocidade de Pinheiro
Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria
Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de
exibicionismo e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia,
acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores
mencionados eram Teófilo Braga, autor
dos poemas Visão dos Tempos e
Tempestades Sonoras e Antero de Quental, que então publicara as Odes Modernas.
Antero de Quental respondeu com uma
Carta Aberta publicada em folheto dizendo que os românticos estão
"ultrapassados" . Nela defendia a independência dos jovens
escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes
transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes
problemas ideológicos da atualidade, e metia a ridículo a futilidade e
insignificância da poesia de Castilho.
Seguiram-se intervenções de uma
parte e de outra, provocando grande celeuma o tom irreverente com que Antero se
dirigiu aos cabelos brancos do velho escritor, e a referência de Teófilo à
cegueira dele.
Esta
polémica ficou conhecida como a “Questão Coimbrã” e deu origem ao início do
Realismo em Portugal.
Geração de 70
Geração de 70 ou Geração de Coimbra
foi um movimento académico de Coimbra do século XIX que veio revolucionar
várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura, cuja
renovação se manifestou com a introdução do Realismo.
Num ambiente boémio, na cidade
universitária de Coimbra, Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins,
entre outros jovens intelectuais, reuniam-se para trocar ideias, livros e
formas para renovação da vida política e cultural portuguesa. Portugal vivia
então uma autêntica revolução com os novos meios de transportes ferroviários,
que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciando esta
geração para as novas ideologias. Foi o início da Geração de 70. Após a Questão
Coimbrã e concluídos os cursos, os jovens intelectuais reúnem-se em Lisboa,
onde discutem os temas da atualidade e das novas ideologias. Eça de Queirós,
que não tinha participado na “Questão Coimbrã”, tem uma importante influência
nas atividades que se desenvolvem em Lisboa.
Em 1871, o grupo organizou uma série
conferências no Casino Lisbonense, para discutir temas ligados à literatura,
educação, religião e política. As conferências acabaram por ser proibidas pelo
governo.
Eça de Queirós
Antero de Quental
Conferências Democráticas do Casino Lisbonense
As Conferências do Casino ou Conferências
Democráticas do Casino Lisbonense realizaram-se na primavera de 1871 (de 22 de
março a 26 de junho de 1871) numa sala alugada do casino situado no Largo da
Abegoaria, em Lisboa. A 4ª Conferência, apresentada por Eça
de Queirós, intitulou-se "A Literatura Nova" ou "O Realismo como
nova expressão da arte", contendo as ideias principais do Realismo.
O Realismo
O Realismo foi um movimento artístico
e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente
na França, em reação ao Romantismo. O movimento manifestou-se também na
escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais.
Realismo
Movimento artístico emergente em
meados do século XIX, fundamentado na contestação do idealismo romântico e na
tendência para privilegiar a observação e a análise de tipos humanos e de
costumes sociais.
O realismo
centra-se em temas da vida familiar
(a educação, a condição da mulher, o adultério, etc.), em temas da vida económica (a ambição, a usura, a
opressão, etc.) e em temas do dia
cultural e social (o jornalismos, a política, o parlamentarismo, etc.) De
um modo geral, trata-se de sentidos temáticos que atestam mudanças de uma
sociedade de concentração urbana cada vez mais intensa. Industrializada,
proletarizada e, também por isso, atingida por flagrantes desequilíbrios
económicos e sociais.
Naturalismo
O Naturalismo afirma-se sobre bases
ideológicas mais precisas do que o Realismo
O determinismo constitui uma
referência importante para o Naturalismo, na medida em que conduz à valorização
de condicionamentos como a hereditariedade ou a influência dos ambientes e da
educação, por força da ação conjugada dos três fatores fundamentais que são a
raça, o meio e o momento histórico.
Caricatura
Caricatura é um desenho de uma personagem da vida real, tal como políticos e artistas.
Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma
forma humorística, assim como em
algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada
indivíduo. Ser caricato é ser objeto de comicidade, ironia ou ter algo peculiar
na face ou no corpo, levados ao exagero, à sátira jocosa ou como crítica de
costumes.
Cartoon
Um cartoon, cartune ou cartum é
um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda, de caráter
extremamente crítico, retratando, de uma forma bastante sintetizada, algo que envolve o dia a dia de uma sociedade.
Rafael Augusto Bordalo Pinheiro
Rafael Augusto Bordalo Pinheiro (Lisboa, 21 de Março de 1846 — 23
de Janeiro de 1905) foi um artista português, de obra vasta
dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico
em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político
e social, jornalista, ceramista e professor.
O seu nome está intimamente ligado à
caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo
próprio que a levou a uma qualidade nunca antes atingida. É o autor da
representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo
português.
Visão global da obra e
estruturação: título e subtítulo
No romance
Os Maias, narra-se história de uma família constituída por várias gerações
(Caetano da Maia, Afonso da Maia, Pedro da Maia e Carlos da Maia), focando-se
duas intrigas:
·
a
intriga principal, constituída pelos amores incestuosos de Carlos da Maia e de
Maria Eduarda;
·
a
intriga secundária, composta pelo casamento fracassado de Pedro da Maia e Maria
Monforte.
A
intriga principal é narrada em alternância com uma série de episódios centrados
na vida da sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX ainda bastante
marcada pelos efeitos do Romantismo.
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Título
Os Maias
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Subtítulo
Episódios
da Vida Romântica
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Capítulo I
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Instalação de Afonso e de Carlos no Ramalhete.
Juventude de Afonso.
Infância de Pedro.
Intriga secundária
Pedro vê Maria
Monforte
Pedro namora
Maria Monforte
Pedro casa com
Maria Monforte
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Capítulo II
|
Pedro e Maria Monforte viajam por Itália
e por Paris. Têm uma filha.
Pedro e Maria Monforte regressam a Portugal.
Têm um segundo filho.
Maria Monforte trai Pedro com Tancredo.
Maria Monforte foge com Tancredo, levando
a filha.
Pedro entrega o filho ao pai e
suicida-se.
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Capítulo III
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Infância e educação de Carlos.
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Capítulo IV
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Juventude e formação académica de Carlos.
Viagem de Carlos pela Europa.
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Capítulo V
|
Vida social de Carlos e Ega em Lisboa.
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Capítulo VI
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Intriga principal
Carlos vê Maria
Eduarda pela primeira vez, no Hotel Central.
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Jantar no Hotel Central.
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Capítulo VII
|
A condessa de Gouvarinho vai procurar Carlos ao
consultório.
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Capítulo VIII
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Intriga principal
Carlos faz um
passeio a Sintra com Cruges com o intuito de encontrar Maria Eduarda.
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Capítulo IX
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Carlos e a Condessa de Gouvarinho beijam-se
|
Baile de máscaras em casa dos Cohen.
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Capítulo X
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Carlos mantém a relação adúltera com a Condessa de
Gouvarinho.
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Corridas de cavalos
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Capítulo XI
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Intriga principal
Carlos conhece
Maria Eduarda, devido à doença de Miss Sara.
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Capítulo XII
|
Carlos declara o
seu amor a Maria Eduarda.
A relação
incestuosa começa inconscientemente.
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Jantar em casa do conde Gouvarinho.
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Capítulo XIII
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Carlos e Dâmaso entram em confronto.
Carlos termina a relação com a condessa de
Gouvarinho.
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Capítulo XIV
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Intriga principal
Afonso parte para
Santa Olávia.
Maria Eduarda
muda-se para a Toca.
Maria Eduarda
visita o Ramalhete.
Carlos viaja para
Santa Olávia.
Castro Gomes
revela a Carlos a verdade sobre a sua relação com Maria Eduarda.
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Capítulo XV
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Maria Eduarda
relata a Carlos a sua história
Afonso regressa
ao Ramalhete.
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Episódios dos jornais “Corneta do Diabo” e “A
Tarde”.
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Capítulo XVI
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Guimarães revela
a Ega que tem um cofre de Maria Monforte para entregar à família e que Maria
Eduarda é irmã de Carlos.
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Sarau da Trindade.
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Capítulo XVII
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Ega revela, com o
apoio de Vilaça, o conteúdo do cofre a Carlos.
Carlos revela o
conteúdo do cofre a Afonso.
Carlos comete
incesto conscientemente.
Carlos encontra o
avô, que o encara de forma cruel, em tom de acusação.
Afonso morre.
Ega revela o
conteúdo do cofre a Maria Eduarda.
Maria Eduarda
parte para Paris.
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Capítulo XVIII
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Epílogo
·
Viagem de
Carlos.
·
Estada de
Carlos e Ega em Lisboa, após dez anos.
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|
“Encontros”,
11ºano Português