terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Eça de Queirós


José Maria de Eça de Queirós  nasceu em Póvoa de Varzim no dia 25 de novembro de 1845 e faleceu em Paris, no dia 16 de agosto de 1900. Foi um dos mais importantes escritores portugueses da história da literatura portuguesa. Foi autor de romances de reconhecida importância, como Os Maias e O Crime do Padre Amaro, sendo o primeiro considerado, por muitos críticos, o melhor romance realista português do século XIX.
            Eça era filho de José Maria Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro em 1820 e delegado do procurador régio em Viana do Castelo, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1826. O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento. O pai de Eça de Queirós, magistrado e  par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês. Uma das teses para tentar justificar o facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó, que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos.
            O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Eça de Queirós passou a sua infância e adolescência longe da família, sendo criado pelos avós paternos. Estudou num Colégio da cidade do Porto. Ingressou em 1861 na Universidade de Coimbra, onde em 1866 se formou em Direito. Manteve ligação com Antero de Quental e Teófilo Braga, escritores da chamada "Escola Coimbrã", mas só aderiu ao grupo em 1870.
Exerceu a advocacia e o jornalismo em Lisboa. Em 1867, dirigiu, na cidade de Évora, o jornal de oposição “O Distrito de Évora”. Voltou para Lisboa e revelou-se como escritor no folhetim “Gazeta de Portugal”. Em 1869, como jornalista, assistiu a inauguração do Canal de Suez, no Egito, que resultou na obra “O Egito”. Em 1871, com a colaboração do escritor Ramalho Ortigão, escreveu a novela policial "O Mistério da Estrada de Sintra" e, nesse mesmo ano, lançou um folheto mensal "As Farpas", contendo sátiras à sociedade portuguesa e suas instituições.
Em 1871, Eça de Queirós proferiu em conferência o tema O Realismo Como Nova Expressão de Arte, no Casino de Lisboa. Em 1872, ingressou na carreira diplomática, foi nomeado cônsul em Havana e, em 1874, foi transferido para a Inglaterra.
O romance O Crime do Padre Amaro, publicado em 1875, foi o marco inicial do Realismo em Portugal. Nele, Eça faz uma crítica violenta da vida social portuguesa, denuncia a corrupção do clero e da hipocrisia dos valores burgueses.
Em 1885 visita, em Paris, o escritor francês Émile Zola. Casa-se com Emília de Castro Pamplona Resende, em 1886. O casal teve dois filhos, Maria e José Maria. Em 1888 foi nomeado cônsul em Paris, ano em que publica Os Maias.
Por fim, surge uma nova fase literária na obra do escritor, em que Eça deixa transparecer uma descrença no progresso. Manifesta a valorização das virtudes nacionais e a saudade da vida no campo. É o momento dos romances "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as Serras", o conto "Suave Milagre" e as biografias religiosas.

Obras de Eça de Queirós

O Mistério da Estrada de Sintra, 1870
O Crime do Padre Amaro, 1875
A Tragédia da Rua das Flores, 1877-78
O Primo Basílio, 1878
O Mandarim, 1880
As Minas do Rei Salomão, 1885, tradução
A Relíquia, 1887
Os Maias, 1888
Uma Campanha Alegre, 1891
O Tesouro, 1893
Adão e Eva no Paraíso, 1897
Suave Milagre, 1898
Correspondência de Fradique Mendes, 1900
A Ilustre Casa de Ramires, 1900
A Cidade e as Serras, 1901, póstuma
Contos, 1902, póstuma
Prosas Bárbaras, 1903, póstuma
Cartas da Inglaterra, 1905, póstuma
Ecos de Paris, 1905, póstuma
Cartas Familiares e Bilhetes de Paris, 1907, póstuma
Notas Contemporâneas, 1909, póstuma
Últimas Páginas, 1912, póstuma
A Capital, 1925, póstuma
O Conde de Abranhos, 1955, póstuma
Alves & Companhia, 1925, póstuma
O Egito, 1926, póstuma


Questão Coimbrã
            António Feliciano de Castilho dispunha de influência e relações que lhe permitiam facilitar a vida literária a muitos estreantes, serviço que estes lhe pagavam em elogios.
            Em redor de Castilho formou-se assim um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias correspondia à hipocrisia das relações humanas.
.           Em 1865, solicitado a apadrinhar com um posfácio o Poema da Mocidade de Pinheiro Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de exibicionismo e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia, acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores mencionados eram Teófilo Braga, autor dos poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras e Antero de Quental, que então publicara as Odes Modernas.
            Antero de Quental respondeu com uma Carta Aberta publicada em folheto dizendo que os românticos estão "ultrapassados" . Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da atualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.
            Seguiram-se intervenções de uma parte e de outra, provocando grande celeuma o tom irreverente com que Antero se dirigiu aos cabelos brancos do velho escritor, e a referência de Teófilo à cegueira dele.
            Esta polémica ficou conhecida como a “Questão Coimbrã” e deu origem ao início do Realismo em Portugal.



Geração de 70



Geração de 70 ou Geração de Coimbra foi um movimento académico de Coimbra do século XIX que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura, cuja renovação se manifestou com a introdução do Realismo.
Num ambiente boémio, na cidade universitária de Coimbra, Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins, entre outros jovens intelectuais, reuniam-se para trocar ideias, livros e formas para renovação da vida política e cultural portuguesa. Portugal vivia então uma autêntica revolução com os novos meios de transportes ferroviários, que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciando esta geração para as novas ideologias. Foi o início da Geração de 70. Após a Questão Coimbrã e concluídos os cursos, os jovens intelectuais reúnem-se em Lisboa, onde discutem os temas da atualidade e das novas ideologias. Eça de Queirós, que não tinha participado na “Questão Coimbrã”, tem uma importante influência nas atividades que se desenvolvem em Lisboa.

Em 1871, o grupo organizou uma série conferências no Casino Lisbonense, para discutir temas ligados à literatura, educação, religião e política. As conferências acabaram por ser proibidas pelo governo.

Eça de Queirós


                                                        Antero de Quental



Conferências Democráticas do Casino Lisbonense



As Conferências do Casino ou Conferências Democráticas do Casino Lisbonense realizaram-se na primavera de 1871 (de 22 de março a 26 de junho de 1871) numa sala alugada do casino situado no Largo da Abegoaria, em Lisboa. A 4ª Conferência, apresentada por Eça de Queirós, intitulou-se "A Literatura Nova" ou "O Realismo como nova expressão da arte", contendo as ideias principais do Realismo.



O Realismo



O Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais.




Realismo



Movimento artístico emergente em meados do século XIX, fundamentado na contestação do idealismo romântico e na tendência para privilegiar a observação e a análise de tipos humanos e de costumes sociais.
            O realismo centra-se em temas da vida familiar (a educação, a condição da mulher, o adultério, etc.), em temas da vida económica (a ambição, a usura, a opressão, etc.) e em temas do dia cultural e social (o jornalismos, a política, o parlamentarismo, etc.) De um modo geral, trata-se de sentidos temáticos que atestam mudanças de uma sociedade de concentração urbana cada vez mais intensa. Industrializada, proletarizada e, também por isso, atingida por flagrantes desequilíbrios económicos e sociais.
Naturalismo



O Naturalismo afirma-se sobre bases ideológicas mais precisas do que o Realismo

O determinismo constitui uma referência importante para o Naturalismo, na medida em que conduz à valorização de condicionamentos como a hereditariedade ou a influência dos ambientes e da educação, por força da ação conjugada dos três fatores fundamentais que são a raça, o meio e o momento histórico.


Caricatura


 Caricatura é um desenho de uma personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo. Ser caricato é ser objeto de comicidade, ironia ou ter algo peculiar na face ou no corpo, levados ao exagero, à sátira jocosa ou como crítica de costumes.
Cartoon


            Um cartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda, de caráter extremamente crítico, retratando, de uma forma bastante sintetizada, algo que envolve o dia a dia de uma sociedade.



Rafael Augusto Bordalo Pinheiro




Rafael Augusto Bordalo Pinheiro  (Lisboa, 21 de Março de 1846 — 23 de Janeiro de 1905) foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor.

O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma qualidade nunca antes atingida. É o autor da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português.












Visão global da obra e estruturação: título e subtítulo

            No romance Os Maias, narra-se história de uma família constituída por várias gerações (Caetano da Maia, Afonso da Maia, Pedro da Maia e Carlos da Maia), focando-se duas intrigas:
·         a intriga principal, constituída pelos amores incestuosos de Carlos da Maia e de Maria Eduarda;
·         a intriga secundária, composta pelo casamento fracassado de Pedro da Maia e Maria Monforte.
                        A intriga principal é narrada em alternância com uma série de episódios centrados na vida da sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX ainda bastante marcada pelos efeitos do Romantismo.



Título
Os Maias
Subtítulo
Episódios
da Vida Romântica
Capítulo I
Instalação de Afonso e de Carlos no Ramalhete.
Juventude de Afonso.
Infância de Pedro.
Intriga secundária
Pedro vê Maria Monforte
Pedro namora Maria Monforte
Pedro casa com Maria Monforte

Capítulo II
Pedro e Maria Monforte viajam por Itália e por Paris. Têm uma filha.
Pedro e Maria Monforte regressam a Portugal. Têm um segundo filho.
Maria Monforte trai Pedro com Tancredo.
Maria Monforte foge com Tancredo, levando a filha.
Pedro entrega o filho ao pai e suicida-se.

Capítulo III
Infância e educação de Carlos.

Capítulo IV
Juventude e formação académica de Carlos.
Viagem de Carlos pela Europa.

Capítulo V
Vida social de Carlos e Ega em Lisboa.

Capítulo VI
Intriga principal
Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez, no Hotel Central.
Jantar no Hotel Central.
Capítulo VII
A condessa de Gouvarinho vai procurar Carlos ao consultório.

Capítulo VIII
Intriga principal
Carlos faz um passeio a Sintra com Cruges com o intuito de encontrar Maria Eduarda.

Capítulo IX
Carlos e a Condessa de Gouvarinho beijam-se
Baile de máscaras em casa dos Cohen.
Capítulo X
Carlos mantém a relação adúltera com a Condessa de Gouvarinho.
Corridas de cavalos
Capítulo XI
Intriga principal          
Carlos conhece Maria Eduarda, devido à doença de Miss Sara.

Capítulo XII
Carlos declara o seu amor a Maria Eduarda.
A relação incestuosa começa inconscientemente.
Jantar em casa do conde Gouvarinho.
Capítulo XIII
Carlos e Dâmaso entram em confronto.
Carlos termina a relação com a condessa de Gouvarinho.

Capítulo XIV
Intriga principal
Afonso parte para Santa Olávia.
Maria Eduarda muda-se para a Toca.
Maria Eduarda visita o Ramalhete.
Carlos viaja para Santa Olávia.
Castro Gomes revela a Carlos a verdade sobre a sua relação com Maria Eduarda.

Capítulo XV
Maria Eduarda relata a Carlos a sua história
Afonso regressa ao Ramalhete.
Episódios dos jornais “Corneta do Diabo” e “A Tarde”.
Capítulo XVI
Guimarães revela a Ega que tem um cofre de Maria Monforte para entregar à família e que Maria Eduarda é irmã de Carlos.
Sarau da Trindade.
Capítulo XVII
Ega revela, com o apoio de Vilaça, o conteúdo do cofre a Carlos.
Carlos revela o conteúdo do cofre a Afonso.
Carlos comete incesto conscientemente.
Carlos encontra o avô, que o encara de forma cruel, em tom de acusação.
Afonso morre.
Ega revela o conteúdo do cofre a Maria Eduarda.
Maria Eduarda parte para Paris.

Capítulo XVIII
Epílogo
·         Viagem de Carlos.
·         Estada de Carlos e Ega em Lisboa, após dez anos.



“Encontros”, 11ºano Português

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