Caracterização
de Personagens de Os Maias
Carlos da Maia
·
É
o protagonista;
·
Filho
de Pedro e Maria Monforte;
·
Após
o suicídio do pai vai viver com o avô para Santa Olávia, sendo educado à
inglesa pelo preceptor, o inglês Brown;
·
Sairá
de Santa Olávia para tirar Medicina em Coimbra;
·
Admirado
pelas mulheres;
·
Depois
do curso acabado, viaja pela Europa;
·
Quando
volta a Lisboa traz planos grandiosos de pesquisa e curas médicas, que abandona
ao cair na inactividade, porque, em Portugal, um aristocrata não é suposto ser
médico;
·
Apesar
do entusiasmo e das boas intenções fica sem qualquer ocupação e acaba por ser
absorvido por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas
capacidades e à perda das suas motivações.
·
Transforma-se
numa vítima da hereditariedade (visível na sua beleza e no seu gosto exagerado
pelo luxo, herdados da mãe e pela tendência para o sentimentalismo, herdada do
pai) e do meio em que se insere, mesmo apesar da sua educação à inglesa e da
sua cultura, que o tornam superior ao contexto sociocultural português.
·
A
sua verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda, que compara a uma
deusa e jamais esquecerá. Por ela dispõe-se a renunciar a preconceitos e a
colocar o amor no primeiro plano.
·
Ao
saber da verdadeira identidade de Maria Eduarda consumará o incesto voluntariamente
por não ser capaz de resistir à intensa atracção que Maria Eduarda exerce sobre
ele.
·
Acaba
por assumir que falhou na vida, tal como Ega, pois a ociosidade dos portugueses
acabaria por contagiá-lo, levando-o a viver para a satisfação do prazer dos
sentidos e a renunciar ao trabalho e às ideias pragmáticas que o dominavam
quando chegou a Lisboa, vindo do estrangeiro.
·
Simboliza
a incapacidade de regeneração do país a que se propusera a própria Geração de
70. Não teme o esforço físico, é corajoso e frontal, amigo do seu amigo, parece
incapaz de fazer uma canalhice. É uma personagem modelada.
Mª Eduarda
·
Apresentada
como uma deusa;
·
Dizendo-se
viúva de Mac Green, sabia apenas que a sua mãe abandonara Lisboa, levando-a
consigo para Viena.
·
Tivera
uma filha de Mac Gren, Rosa;
·
A
sua dignidade, a sensatez, o equilíbrio e a santidade são características
fundamentais da sua personagem, às quais se juntam uma forte consciência moral
e social;
·
Salienta-se ainda a sua faceta humanitária e a
compaixão pelos socialmente desfavorecidos;
·
A
súbita revelação da verdadeira identidade de Maria Eduarda, vai provocar em
Carlos estupefacção e compaixão, posteriormente o incesto consciente, e depois
deste, a repugnância;
·
A separação é a única solução para esta
situação caótica a que se junta a morte de Afonso;
·
A
sua apresentação cumpre os modelos realista e naturalista, pelo que coincidem
no seu carácter e no espaço físico que ela ocupa duas vertentes distintas da
sua educação: a dimensão culta e moral, construída aquando da sua estadia e
educação num convento, e a sua faceta demasiado vulgar, absorvida durante o
convívio com sua mãe;
·
Ela
é o último elemento feminino da família Maia e simboliza, tal como as outras
mulheres da família, a desgraça e a fatalidade;
·
É
de uma enorme dignidade, principalmente quando não quer gastar o dinheiro de
Castro Gomes por estar ligada a Carlos;
·
No
final da obra, parte para Paris onde mais tarde casa com Mr. de Trelain,
casamento considerado por Carlos o de dois seres desiludidos;
·
É
uma “personagem-tipo”.
Afonso da Maia
®
Psicológico:
Duro, clássico, ultrapassado, paciente, caridoso (ajuda os mais pobres e mais fracos),
nobre, espírito são, rígido, austero, risonho e individualista.
®
Símbolo
do liberalismo (na juventude), associado a 1 passado heróico, incapacidade de
regeneração do país, modelo de autodomínio.
®
Morre
de apoplexia, no jardim do Ramalhete, na sequência do incesto dos netos, Carlos
e Maria Eduarda. É o mais simpático e o mais valorizado para Eça.
João da Ega
·
Autêntica
projecção de Eça de Queirós pela ideologia literária, usando também um monólogo
e era considerado um ateu e demagogo.
·
Excêntrico,
cínico, o denunciador de vícios, o demolidor energético da política e da
sociedade.
·
É
um romântico e um sentimental.
·
Tornou-se
amigo inseparável e confidente de Carlos.
·
Instalou-se
no Ramalhete, e a sua grande paixão será Raquel Cohen.
·
Como
Carlos, tem grandes projectos (a revista, o livro, a peça) que nunca chega a
realizar. É também um falhado, influenciado pela sociedade lisboeta decadente e
corrupta.
·
Nos
últimos 4 Cap. ganha uma certa densidade psicológica e passa a desempenhar um
papel muito importante na intriga, sendo ele o primeiro a conhecer a verdadeira
identidade de Maria Eduarda.
·
É
Ega que faz a revelação trágica a Vilaça, Carlos (que contará ao avô Afonso) e,
por fim, a Maria Eduarda. A sua vida psicológica manifesta-se também ao nível
da reflexão interiorizada através de monólogos interiores, sobretudo depois do
encontro com o Sr. Guimarães, no capítulo XVI.
Pedro da Maia
·
Protótipo:
do herói romântico e é personagem-tipo.
·
Psicológica:
nervoso, crises de melancolia, sentimentos exagerados, instável emocionalmente
(como a mãe).
·
Educação:
tradicional – portuguesa – romântica – criado pelas criadas e mãe. Sente um
amor quase doentio pela mãe, pelo que quando esta morre entra em loucura
·
Deixou-se
encadear por um amor à primeira vista que o conduziu a um casamento, de estilo
romântico, com Maria Monforte. Este enlace precipitado levá-lo-ia mais tarde ao
suicídio – após a fuga da mulher – por carecer de sólidos princípios morais e
de força de vontade que o deveriam levar à aceitação da realidade e à superação
daquele contratempo.
Mª Monforte:
·
Psicológica:
personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira.
·
Protótipo:
da cortesã: leviana e amora, sem preocupações culturais ou sociais.
·
É
filha do Monforte, e é conhecida em Lisboa por “a negreira”, porque seu pai
enriqueceu transportando negros e arrancando a riqueza da “pele do africano”.
·
Contra
a vontade de Afonso, Pedro da Maia apaixona-se e casa com ela. Nasceram Carlos
e Maria Eduarda. Maria Monforte virá a fugir com o italiano Tancredo, levando
Maria Eduarda consigo e abandonando Carlos e provocando o suicídio de Pedro.
Entretanto, o italiano é morto num duelo e Maria levará uma vida muito má.
Entregará a Guimarães um cofre com documentos para a identificação da filha.
Alencar
·
“Personagem-tipo”,
é o símbolo do romantismo.
·
Representa
a incapacidade de adaptação à “ideia nova” (realismo).
Dâmaso Salcede
·
Representa
a podridão das sociedades, é o “rafeiro” de Carlos, anda sempre atrás dele e
imita-o em tudo.
Palma Cavalão
·
Director
do jornal A corneta do diabo, representa o jornalismo corrupto, sensacionalista
e escandaloso que vive da calúnia e do suborno.
Craft
·
Inglês,
representa a formação e mentalidade britânicas, sendo Craft o jovem mais
parecido com Carlos
Guimarães
·
Personificação
do destino.
Cruges:
·
É
dos poucos que é moralmente correcto, representa a excepção na mediocridade da
sociedade portuguesa, é idealista.
Vilaça:
·
Procurador
dos Maias, acredita no progresso.
Espaço
Espaço físico:
·
Sta
Olávia (infância e educação de Carlos),
·
Coimbra (seus
estudos, e primeiras aventuras amorosas) e
·
Lisboa,
onde irá desenrolar-se toda a acção após a sua formatura e regresso da sua
“longa viagem pela Europa”.
·
Sintra e Olivais são
espaços muito referidos, mas onde não se passa qualquer acção de relevo no
romance. Os espaços interiores são descritos exactamente de acordo
com as personagens. Os espaços interiores mais destacados são O Ramalhete, o
quarto da Toca, a Vila Balzac e o consultório de Carlos.
Espaço Social:
·
Cumpre um papel eminentemente crítico.
·
O Jantar
no Hotel Central é onde o herói, Carlos, contacta pela primeira vez
com o meio social lisboeta, e em que é dada uma visão fortemente critica das
limitações da mentalidade da sociedade portuguesa.
·
As corridas de cavalos onde
há a denuncia da mentalidade provinciana.
·
O
jantar em casa dos Gouvarinho em que se critica a mediocridade mental
e a superficialidade das classes dirigentes.
·
O episódio do jornal A Tarde em
que se desmascara o parcialismo, o clientelismo partidário, a venalidade e a
incompetência dos jornalistas da época.
·
Sarau literário do teatro da Trindade, em que se
criticam a superficialidade e a ignorância da classe dirigente.
·
O Passeio final de Carlos e Ega em
Lisboa, traduz o sentido de degradação progressiva e irremediável da sociedade
portuguesa, para a qual não é visualizada qualquer saída airosa.
Simbolismo:
·
Toca é
o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o carácter
animalesco do relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda,
em que o prazer se sobrepõe à racionalidade e aos valores morais. Os aposentos
de Maria Eduarda simbolizam a tragédia da relação.
·
Ramalhete está
simbolicamente ligado à decadência moral do Portugal da Regeneração. O percurso
da família Os Maias, está relacionado com as modificações existentes no
Ramalhete. Quando Afonso vive em Sta Olávia, após a morte de Pedro, está
desabitado. Quando Afonso e Carlos se mudam para O ramalhete, este ganha vida,
sendo agora símbolo de esperança e de vida.
·
Mª
Monforte e Mª Eduarda espalham a morte provocando o suicídio de
Pedro, a morte física de Afonso e a morte psicológica de Carlos.
·
Afonso simboliza
os valores morais e o liberalismo. Sendo assim, com a morte de Afonso da Maia,
todos os princípios morais, que ainda existiam em Portugal, acabam. A morte
instala-se no país.
A feição trágica de
os Maias:
·
A peripécia,
súbita mutação dos sucessos, verifica-se quando Guimarães vê Maria Eduarda e
revela, a identidade desta, a Ega, e quando Maria Eduarda descobre o terrível
segredo.
·
O reconhecimento,
é progressivo, desenrola-se em 2 capítulos e entre as revelações passam-se
dias. Ega ao saber do parentesco dos netos de Afonso fica desorientado e vai
falar com Vilaça, que acaba por revelar a Carlos, e este a Afonso.
·
A catástrofe dá-se
com a morte de Afonso, vítima inocente, e com a separação definitiva dos
amantes.
·
Destino:
É personificado por Guimarães que irá desencadear a anagnórise (reconhecimento)
e consequente tragédia. Praticamente desde o inicio da obra, se vêm fazendo
referências ao destino.
Intriga
·
Subtítulo
“Episódios da vida romântica” foca a descrição de eventos recreativos da
sociedade portuguesa da Regeneração, constituindo a crónica da costumes.
·
O
título dá-nos a conhecer a história da família Maia ao longo das gerações de Afonso,
Pedro e Carlos da Maia. A intriga principal é constituída pelo romance entre
Carlos e Maria Eduarda; a intriga secundária de Pedro e Maria Monforte é
necessária para construir a intriga central. A acção das intrigas é fechada
porque não há possibilidade de continuação: Pedro suicida-se, Maria Monforte já
morreu, Maria Eduarda e Carlos suicidam-se psicologicamente perdendo a
capacidade de amar, e Afonso morre.
·
A
temática do incesto desencadeia toda a intriga.
·
A crónica de costumes engloba os
ambiente sociais, os figurantes e seus comportamentos, bem como as relações do
protagonista Carlos, quer com o ambiente, quer com as personagens, pelo que os
episódios são acções ainda que com duração limitada, é uma acção aberta porque
cada episódio pode continuar. É fundamentalmente ao nível da intriga principal
que surge a crónica de costumes, pelo que ambas se desenvolvem em
paralelo.
·
O Jantar
no Hotel Central proporcionou a Carlos a primeira visão de Mª Eduarda e o
contacto com a sociedade de elite. A mentalidade retrógrada de Alencar e o
calculismo e cinismo com que Cohen comenta a deterioração financeira são
elementos marcantes da crise de uma geração e do próprio País. Através desta
reunião da sociedade, Eça retrata uma cidade num esforço para ser civilizada,
mas que não resiste e acaba por mostrar a sua impressão, a sua falta de
civilização. As limitações ideológicas e culturais acabam por estalar o verniz
das aparências quando Ega e Alencar depois de usarem todos os argumentos
possíveis partem para ataques pessoais que culminam numa cena de pancadaria,
mostrando o tipo de educação desta “alta” sociedade lisboeta que tanto se
esforça por ser (ou parecer) digna e requintada, mas que no fundo é grosseira.
·
As corridas
de cavalos são um desejo de imitar o que se faz no estrangeiro e era
considerado sinal de progresso. Uma sociedade burguesa que vive de aparências,
com destaque para a assistência feminina. Critica-se ainda a falta de à-vontade
das senhoras que não falavam umas com as outras e que para não desobedecerem às
regras de etiqueta permaneciam no seu posto, mas constrangidas.
·
O
jantar em casa do Conde Gouvarinho permite através da falas das
personagens, observar a degradação dos valores sociais, o atraso intelectual do
país, a mediocridade mental de algumas figuras da alta burguesia e da
aristocracia. As personagens emitem duas diferentes concepções sobre a educação
da mulher.
·
Os episódios
dos jornais critica a decadência do jornalismo português que se deixa
corromper, motivado por interesses económicos (A Corneta do Diabo) ou
evidenciam uma parcialidade comprometedora de feições políticas. No jornal A
Corneta do Diabo havia sido publicada uma carta escrita por Dâmaso que
insultava Carlos e expunha, a sua relação com Maria Eduarda; Palma Cavalão
revela o nome do autor da carta e mostra aos dois amigos o original, escrito
pela letra de Dâmaso, a troco de “cem mil réis”. A parcialidade do jornalismo
da época surge quando Neves, director do jornal A Tarde, aceita publicar a
carta na qual Dâmaso se retracta, depois da sua recusa inicial por confundir
Dâmaso Salcede com o seu amigo político Dâmaso Guedes.
·
Nota-se
que o público alto-burguês e aristocrata que assistia ao sarau é pouco culto.
Capitulo I e II
·
Venda
das propriedades
·
Remodelação
do Ramalhete por Carlos Eduardo, que contracta um artista Inglês
·
Carlos
acaba o seu curso de medicina em Coimbra e faz uma viagem pela Europa (1875)
·
Em
1875, no Outono, Afonso deixa Sta. Olávia e instala-se no Ramalhete
História de Afonso da Maia:
Filho de Caetano da Maia (
um absolutista profundo, apoiante de D. Miguel), foi desterrado em jovem para
Sta Olávia, por se ter envolvido numa revolução liberal.
Depois de uns tempos na
Quinta, volta completamente modificado e decide ir viver para Inglaterra, mas
com a morte do pai, regressa. É por esta altura que conhece Maria Eduarda Runa,
uma mulher muito débil, por quem se apaixona e casa, e depois, têm Pedro.
Com o absolutismo em
Portugal, Afonso vê a sua casa de Benfica ser invadida pela polícia, e parte
para o exílio em Inglaterra, com a mulher e o filho. Pedro é criado de uma
forma muito romântica por vontade da mulher de Afonso, e devido à sua
saúde muito fraca, Afonso decide não se impor às vontades da sua senhora,
e assim contratam um padre português (porque Maria odiava Inglaterra), o padre
Vasques, para educar o menino. O estado de saúde de Maria agrava-se e eles
mudam-se para Itália, depois novamente para Portugal, para a Casa de Benfica,
mas Maria Runa acaba por falecer.
História de Pedro da Maia:
Típico menino da mamã, tornando-se
um homem pequeno e nervoso, como a mãe. Nunca fora para a universidade, porque
a mãe não o deixara e tivera uma educação completamente romântica. Passava os
dias na farra, sem fazer nada e aos 19 anos, teve um bastardo.
Com a morte da mãe, Pedro
ficou de rastos, infelicíssimo, mas depois, conhece Maria Monforte por quem se
apaixona.
Apaixonado, Pedro decide casar com
Maria, ainda quem Afonso o tenha proibido. Sai de casa, casa com Maria, e corta
relações com o pai. Depois, Pedro e Maria viajam, por Itália, depois Paris e
acabam por voltar para Lisboa, quando descobrem que Maria estava grávida.
Nasce a primeira filha do casal,
Maria Eduarda, que Maria Monforte adora. Maria começa a ter hábitos estranhos,
como fumar com os homens á noite e conviver, hábitos estes que Pedro odiava e
condenava, sentindo ciúmes. Afonso refugia-se em Sta Olávia para evitar a
família, convivendo alegremente com os amigos. Mais tarde, depois de Maria
Eduarda fazer um ano, Maria Monforte tem outro filho, desta vez um menino, a
quem dá o nome de Carlos Eduardo, devido a um romance que andava a ler.
Um dia, quando Pedro regressa a
casa, descobre que Maria fugiu com Tancredo, levando consigo a sua filha, Maria
Eduarda, e deixando para trás Carlos. De rastos, Pedro vai ter com o pai e conta-lhe
tudo, e os dois acabam por fazer as pazes. Afonso fica felicíssimo por conhece
o neto, mas infeliz com o estado do filho. Sem aguentar, Pedro acaba por se
suicidar, deixando Carlos Eduardo a cargo do avô.
Afonso da Maia muda-se para Sta.
Olávia para criar Carlos, e vende a Tojeira, casa de Pedro. Afonso cria Carlos,
mas desta vez como sempre quis criar Pedro e a sua mulher nunca o
deixara: uma educação à Inglesa, muito rígida, principalmente
fisicamente.
A
infância de Carlos é passada em Santa Olávia, e é descrito um episódio
onde se dá uma visita de Vilaça à quinta. Descreve-se a educação liberal de
Carlos, com um professor Inglês que dá primazia ao exercício físico e as regras
duras que Afonso impõe ao neto. É sobretudo um capítulo de contraste entre as
educações tradicional (Eusebiozinho) e à inglesa (Carlos). Vilaça dá notícias
de Maria Monforte e de sua filha a Afonso, e segundo ele a sua neta morrera em
Londres. Alguns anos depois Carlos faz exame triunfal de candidatura à
universidade.
Carlos
descobre a sua vocação para Medicina e matriculou-se na Universidade de
Coimbra. É sobretudo chegado a João da Ega, que estudava direito e era sobrinho
de André da Ega, amigo de infância de Afonso. Ao fim desse tempo, Afonso
esperava-o no Ramalhete, onde se iriam instalar (fim da grande analepse).
Carlos tencionava montar um consultório e um laboratório em Lisboa, vontades
que depressa satisfez com a ajuda do avô: o laboratório foi montado num velho
armazém, e o consultório num primeiro andar em pleno Rossio. Carlos recebeu com
alegria a visita do seu amigo Ega, que lhe anunciou que ia publicar o livro que
andava a escrever havia já alguns anos – “Memórias de um Átomo” – que todos os
que tinham ouvido falar esperavam com impaciência.
Ega
estava apaixonado por Raquel Cohen, que era, infelizmente, casada. Durante uma
conversa entre Carlos e Ega, Ega propõe a Carlos conhecer a família Gouvarinho.
Carlos aceita. Após a um encontro com estes amigos de Ega, Carlos não parava de
pensar na Condessa Gouvarinho. Estava apaixonado. Este capítulo acaba com uma
ida de Carlos com a família Gouvarinho à ópera, e durante esta ocasião, a
condessa mostra-se interessada em Carlos.
Ega
convida-se para jantar com Carlos e quando se prepara para sair, falam sobre a
Gouvarinho e sobre o súbito desinteresse de Carlos pela senhora, após uma
grande atracção. Esta atitude de Carlos para com as mulheres, era frequente e
os dois conversam sobre o assunto. Na ida para o jantar, cruzam-se com Craft,
amigo de Ega. Ega apresenta Carlos ao amigo. Ega faz questão que os dois amigos
se conheçam melhor. Após alguns contratempos, Ega consegue marcar o jantar no
Hotel Central com Carlos, Craft, Alencar, Dâmaso e Cohen. O jantar acaba e
Alencar acompanha Carlos a casa, lamentando-se da vida, do abandono por parte
dos amigos e falando-lhe de seu pai, de sua mãe e do passado. Carlos recorda
como soubera a história dos seus pais : a mãe fugira com um estrangeiro levando
a irmã, que morrera depois, o pai suicidara-se. Carlos, já em casa, antes de
adormecer e enquanto aguarda um chá, sonha com a mulher deslumbrante, uma
deusa, com quem se cruzou à porta do Hotel Central, enquanto aguardava com
Craft os restantes amigos para o jantar.
A
condessa Gouvarinho, com a desculpa que a filha se encontrava doente, procura
Carlos no consultório. Carlos convida Cruges a ir a Sintra no dia seguinte,
pois tomara conhecimento, por intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se
encontrava na companhia de seu marido e de Dâmaso.
Carlos
da Maia e Cruges, vão visitar Sintra. A ideia é de Carlos que
obriga Cruges a ir com ele. Esta viagem tem o propósito escondido por Carlos,
de procurar um encontro fortuito coma Sra. Castro Gomes, que ele julgava em
Sintra. Carlos já informado sobre o destino dos Castro Gomes, que haviam
deixado Sintra na véspera, e Carlos decide voltar para Lisboa.
Já no Ramalhete, no final da
semana, Carlos recebe uma carta a convidá-lo a jantar no Sábado seguinte nos
Gouvarinhos. Dâmaso aparece de repente, pedindo a Carlos para ver um doente
"daquela gente brasileira", os Castro Gomes - a Rosa. Os pais tinham
partido essa manhã para Queluz. Ao chegar ao Hotel, Carlos verifica que a
pequena já estava óptima. Carlos dá uma receita a Miss Sara, a governanta..
Carlos vai
progressivamente ficando íntimo dos condes de Gouvarinho. Visita a Gouvarinho e
dá-lhe um tremendo beijo, mesmo antes da chegada do conde Gouvarinho.
Capítulo
X
Passam-se
3 semanas. Carlos já estava farto da Gouvarinho e dos seus encontros às
escondidas, e quer ver-se livre dela. Combina com o Dâmaso, no Ramalhete, levar
os Castro Gomes aos Olivais, mas isto não se concretiza a ideia pois o sr.
Castro Gomes partira para o Brasil em negócios. Chega o dia das corridas de cavalos.
Anda tudo á briga, num rebuliço total! Lá nas corridas, encontra a Gouvarinho,
que lhe propõe irem de comboio ate Santarém, uma vez que ela ia para o Porto
(pois o seu pai estava mal), e dormiam no hotel em Santarém, e daí cada um
seguia para o seu lado. Depois, fazem-se apostas; todos apostam em Minhoto, mas
Carlos aposta em Vladimiro, que vence e Carlos ganha 12 libras, facto muito
comentado. Encontra Dâmaso, que lhe informa que o Castro Gomes afinal tinha ido
para o Brasil e deixara a mulher só por uns 3 meses. Discute com a Gouvarinho,
mas acaba por aceder ao desejo do encontro em Santarém, mas agora apenas
consegue pensar na mulher de Castro Gomes. Ao descobrir que ela vivia no prédio
de Cruges, pois alugara a casa á mãe do Cruges, proprietária do prédio, Carlos
vai à R. de S. Francisco com o pretexto de visitar o Cruges, mas ele não
estava. Volta para o Ramalhete e lá descobre que tinha uma carta da Castro
Gomes pedindo-lhe que a visite no dia seguinte, por ter "uma pessoa de
família, que se achava incomodada".
Carlos
vai visitar a Sra. Castro Gomes, e descobre o seu nome, Maria Eduarda. É a
governanta, Miss Sara, que estava doente - tinha uma bronquite. Carlos conversa
com Maria Eduarda, passa-lhe a receita e diz-lhe os cuidados que deve ter com
Sara, dizendo que terá de observá-la diariamente.
Nessa
noite Carlos iria ter com a Sra. Gouvarinho para a fantástica noite em
Santarém, mas Carlos começava a repudiá-la, a odiá-la. Por sorte, o Gouvarinho
decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que convém muito a
Carlos, assim como a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhes os
"entraves" fora de Lisboa.
Nas semanas
seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à doença de
Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus conhecidos. Dâmaso volta de
Penafiel e vai visitar Maria Eduarda. Ao chegar lá vê Carlos com
"Niniche" (a cadela de Maria) ao colo, que lhe rosna e ladra - Dâmaso
fica zangado e cheio de ciúmes.
O conde Gouvarinho
convidou-os para jantar na próxima 2ª feira. Depois, nesse jantar, a Gouvarinho
zangada com Carlos e com ciúmes da sua proximidade com Maria Eduarda, passa o
tempo a mandar-lhe indirectas.
Na 3ª feira, depois
de um encontro escaldante com a Gouvarinho na casa da sua titi, Carlos chega
atrasado à casa de Maria Eduarda". No meio da conversa, Domingos anuncia
Dâmaso e Maria Eduarda recusa-se a recebê-lo - Dâmaso fica furioso. Maria fala
a Carlos sobre uma possível mudança de casa (e ele pensa logo na casa do Craft,
decidindo comprá-la para ela). Carlos deixa escapar que a "adora"
depois de uma troca de olhares, beijam-se. Na 4ª feira, Carlos conclui o
negócio da casa com o Craft.
Ega, mostra-se
insultado pelo segredo que Carlos faz de tudo, mas este acaba por lhe contar
que se apaixonou e envolveu com Maria Eduarda.
o Capítulo
XIII
Ega
informa a Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo a ele e a Maria Eduarda. Carlos
fica furioso, querendo matá-lo e ao encontrá-lo na rua, ameaça-o.
No sábado,
Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais. Depois da visita e do almoço,
Carlos e Maria Eduarda envolvem-se.
Descobre-se
que Dâmaso estava a namorar a Cohen. Depois a Gouvarinho aparece querendo falar
com Carlos - acabam por discutir sobre a ausência de Carlos e depois terminam
tudo.
Afonso
parte para Sta. Olávia e Carlos fica sozinho no Ramalhete, pois Ega parte para
Sintra (e curiosamente os Cohen também). Maria Eduarda instala-se nos Olivais,
e Carlos passa a frequentar a casa todos os dias, e eles pretendem fugir até
Outubro para Itália e casar lá, mas Carlos pensa no desgosto que dará ao avô
(porém a sua felicidade supera).
Chega Setembro.
Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a Carlos que pareceu-lhe
estar o avô desgostoso por Carlos não ter aparecido por lá. Então, Carlos
decide ir visitar Afonso, mas antes leva Maria a visitar o Ramalhete (e Maria
Eduarda refere que às vezes Carlos faz-lhe lembrar a sua mãe e conta-lhe a sua
história - a mãe era da ilha da Madeira que casara com um austríaco e que tinha
tido uma irmãzinha, que morrera em pequena).
Uma semana
depois Carlos regressa de Sta Olávia e fala com Ega que voltara de Sintra.
Nessa noite, Castro Gomes aparece no Ramalhete, com uma carta anónima que lhe
tinham mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha um amante, Carlos
da Maia. Carlos fica estupefacto, e acaba por perceber que era a letra de
Dâmaso. Depois, Castro Gomes conta-lhe que não é marido de Maria Eduarda, nem
pai de Rosa, e que apenas vivia amigado com ela. Diz-lhe também que se vai
embora, e que Maria Eduarda se chama Madame Mac Gren. Furioso pela mentira de
Maria, Carlos decide ir confrontá-la. Ao entrar, sabe por Melanie, a criada,
que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda, a chorar, pede perdão a
Carlos de não lho ter contado, pois tinha medo que ele a abandonasse, e conta
então a verdadeira história da sua vida. Depois de uma grande cena de choro,
Carlos pede-a em casamento.
Dias depois,
Carlos conta tudo o que se passara a Ega que lhe diz que seria melhor esperar
que o avô morresse para então se casar, pois Afonso estava velho e débil e não
aguentaria o desgosto.
Afonso regressa de
Sta. Olávia, Carlos abandona a casa que alugara perto dos Olivais e Maria
Eduarda volta para o apartamento da mãe de Cruges na Rua de S. Francisco,
deixando a Toca.
o Capítulo
XVI
Carlos
e Ega vão ao sarau da Trindade ouvir o Cruges e o Alencar, que nessa noite vão
lá estar. Ega conhece Mr. Guimarães, o tio de Dâmaso que vivia em Paris e
trabalhava no jornal, que lhe viera pedir explicações sobre a carta que Dâmaso
escrevera, que lhe disse ter sido Ega a obrigá-lo a fazer. Ega e Guimarães
acabam por resolver tudo e ficam amigos. Mais tarde, quando Ega se ia embora,
Guimarães aparece dizendo lhe que tem um cofre da mãe de Carlos para entregar à
família, que esta lhe tinha pedido antes de morrer. No meio da conversa, Ega
descobre que Carlos tem uma irmã, e Guimarães diz tê-los visto aos três numa
carruagem: Carlos, Ega e a irmã, Maria Eduarda. Depois, Guimarães conta a Ega o
passado de M.ª Monforte inclusive a mentira que ela dissera a Maria Eduarda
sobre o seu pai, e diz que Maria é filha de Pedro da Maia, pois ele era amigo
da família e nessa atura já os visitava. Fala também da fuga da Monforte com
Tancredo, da filha que eles tiveram e morreu em Londres, e depois, da vida de
Maria Eduarda no convento, que ele próprio a visitara. Guimarães entrega o
cofre a Ega, que chocado com a verdade, decide pedir ajuda a Vilaça para contar
tudo a Carlos.
Ega
procura Vilaça e conta-lhe tudo. Juntos, abrem o cofre da Monforte e acham lá
uma carta dela para Maria Eduarda onde diz toda a verdade: ela é filha de Pedro
da Maia. No dia seguinte, Vilaça e Ega contam a verdade a Carlos, que não
acredita no que lhe contam, e aflito, procura o avô e conta-lhe tudo, com
esperança que este lhe desminta a história. Mas Afonso acaba por confirmar, e
em segredo diz a Ega que sabe que Carlos tem um caso com Maria Eduarda. Apesar
de já saber a verdade, nessa noite Carlos vai ter com Maria Eduarda; primeiro
pensara em dizer-lhe tudo e depois fugir para Sta. Olávia, mas depois, incapaz,
acaba por deixar-se levar por ela e ali ficar. Continuava a ama-la, e o facto
de serem irmão não mudava o que ele sentia.
Afonso
da Maia sabe que Carlos continua a encontrar-se com Maria Eduarda, e fica
desolado. Ega furioso com o comportamento de Carlos, confronta-o e ele decide
partir no dia seguinte para os Olivais. No dia seguinte, Baptista (o seu
criado) chama-o, dizendo a Carlos que o avô estava desmaiado no jardim. Carlos
corre lá vê o avô estava morto Carlos culpa-se a si mesmo da morte do avô, pois
achava que era pelo avô saber tudo que tinha morrido. Ega escreve um bilhete a
informar Maria Eduarda do facto. Carlos parte para Sta. Olávia, pedindo a Ega
para ir falar com Maria Eduarda e lhe contar tudo e dizer-lhe que parta para
Paris, levando 500 libras. Ega fala com Maria Eduarda, que parte no dia
seguinte para Paris, para sempre.
Passam-se
semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e
Ega numa longa viagem pelo mundo. Um ano e meio depois Ega regressa trazendo
consigo a ideia de escrever um livro e contando que Carlos ficara em Paris,
onde alugara um apartamento, pois não queria mais lembrar a Portugal
No Ramalhete, a maior
parte das decorações (tapetes, faianças, estátuas) já tinham ou estavam a ser
despachadas para Paris, onde Carlos vivia agora, e que lá se guardavam os
móveis e outros objectos trazidos da Toca. Carlos relembra Maria Eduarda e
conta a Ega que recebera uma carta dela. Ia casar com um tal de Mr. de Trelain,
decisão tomada ao fim de muitos anos, e que tinha comprado uma quinta em
Orleães. Carlos encara este casamento de Maria Eduarda como um final, uma
conclusão da sua história, era como se ela morresse, como se a Maria Eduarda
deixasse de existir e passasse apenas a haver a Madame de Trelain. Ega e Carlos
dizem que não vale a pena viver, pois a vida é uma treta. Por mais que tentemos
lutar para mudá-la, não vale a pena o esforço, porque tudo são desilusões e
poeira.
A
Educação de Pedro da Maia
Já que estavam em Inglaterra, Afonso
propõe que o filho seja educado no Colégio de Richmond. Católica, Maria Eduarda
Runa opõe-se à decisão do marido, apesar de Afonso lhe provar que se tratava de
um Colégio Católico e que lá teria todas as condições para ter uma boa
educação.
M.ª Eduarda
manda então vir de Lisboa o Padre Vasques, que lhe dava uma educação demasiado
tradicional e centrada na Religião.
Visto que a
mulher estava a adoecer, Afonso não se atrevia a contrariá-la.
A partir destes
elementos, podemos verificar que a educação de Pedro é uma das causas para as
suas atitudes de ingenuidade e medo que toma enquanto adulto, e que culminam no
suicídio (demonstração de fraqueza).
Jantar no Hotel Central – discussão literária
Sobre o
Realismo/Naturalismo:
Sobre o
Romantismo
Personificado em “Alencar, o
patriota antigo”.
Link:
https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj3kYPLt_vSAhXIcRQKHXgjAFoQFggzMAM&url=http%3A%2F%2Fwww.resumos.net%2Ffiles%2Fos-maias-personagens-e-resumo-por-capitulos.docx&usg=AFQjCNH0UVj3XKdyng3mLkduXW_dUY4OcA&sig2=MU0cKNkDEt4BPvPPoWU6ZQ
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