quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

                               Ruy Belo



            Rui de Moura Belo nasceu em São João da Ribeira, Rio Maior, no dia 27 de Fevereiro de 1933 e faleceu em Queluz, no dia 8 de agosto de 1978. Foi um poeta e ensaísta português.

Carreira 1954 – 1978

            Em 1951 entrou para a Universidade de Coimbra como aluno de Direito . Concluiu o curso de direito em Lisboa, em 1956, ano em que partiu para Roma, doutorando-se em direito canónico pela Universidade S. Tomás de Aquino  (Angelicum), dois anos depois, com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura Eclesiástica".
                        Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de diretor-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas. Ocupou, ainda, um lugar de leitor de Português na Universidade de Madrid (1971-1977). Regressado, então, a Portugal, foi-lhe recusada a possibilidade de lecionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas na Escola Secundária de Ferreira Dias, em Agualva-Cacém, no ensino noturno. Em 1991, foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
                        Apesar do curto período de atividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes.
            Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Blaise Cendrars, Raymond Aron, Montesquieu, Jorge Luís Borgese Federico García Lorca.





Poema:

Homem para Deus

Ele vai só ele não tem ninguém
Onde morrer um pouco toda a morte que o espera
Se é ele o portador do grande coração
E sabe abrir o seio como a terra
Temei não partam dele as grandes negações
Que mãos estendem eles um ao outro
Por sobre tanta morte que nos dias veio?
E no seu coração que todo o homem ri e sofre
É lá que as estações recolhem findo o fogo
Onde aquecer as mãos durante a tentação
É lá que no seu tempo tudo nasce ou morre
Não leva mais de seu que esse pequeno orgulha
De saber que decerto qualquer coisa acabará
Quando partir um dia para não voltar
E que estão finalmente uma atitude sua há-de implicar
Embora diminuta uma qualquer consequência
O que deus terá visto nele para morrer por ele?
Oh que responsabilidade a sua
Que não dê como a árvore sobre a vida simples sombra
Que faça mais do que crescer e ir perdendo vestes
Oh que difícil não é criar um homem para deus
Ruy Belo, in “Aquele Grande Rio Bufrates”  


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