Ruy Belo
Rui de Moura Belo nasceu em São João da Ribeira, Rio Maior, no dia 27
de Fevereiro de 1933 e faleceu em Queluz, no dia 8
de agosto de 1978. Foi um poeta e ensaísta português.
Carreira
1954 – 1978
Em 1951 entrou para a Universidade
de Coimbra como aluno de Direito . Concluiu o curso de direito em Lisboa, em 1956, ano em que partiu para Roma, doutorando-se em direito canónico pela Universidade S. Tomás de
Aquino (Angelicum), dois
anos depois, com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura
Eclesiástica".
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de diretor-adjunto
no então Ministério da Educação Nacional,
mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na
greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão
Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as
suas actividades fossem vigiadas e condicionadas. Ocupou, ainda, um lugar de
leitor de Português na Universidade de Madrid (1971-1977). Regressado, então, a
Portugal, foi-lhe recusada a possibilidade de lecionar na Faculdade de Letras
de Lisboa, dando aulas na Escola Secundária de Ferreira Dias, em Agualva-Cacém,
no ensino noturno. Em 1991, foi condecorado, a título póstumo, com o grau de
Grande Oficial da Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada.
Apesar do
curto período de atividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas
portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas
diversas vezes.
Destacou-se ainda pela
tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Blaise Cendrars, Raymond
Aron, Montesquieu, Jorge
Luís Borgese Federico
García Lorca.
Poema:
Homem para Deus
Ele vai só ele não tem ninguém
Onde morrer um pouco toda a morte que o espera
Se é ele o portador do grande coração
E sabe abrir o seio como a terra
Temei não partam dele as grandes negações
Que mãos estendem eles um ao outro
Por sobre tanta morte que nos dias veio?
E no seu coração que todo o homem ri e sofre
É lá que as estações recolhem findo o fogo
Onde aquecer as mãos durante a tentação
É lá que no seu tempo tudo nasce ou morre
Não leva mais de seu que esse pequeno orgulha
De saber que decerto qualquer coisa acabará
Quando partir um dia para não voltar
E que estão finalmente uma atitude sua há-de implicar
Embora diminuta uma qualquer consequência
O que deus terá visto nele para morrer por ele?
Oh que responsabilidade a sua
Que não dê como a árvore sobre a vida simples sombra
Que faça mais do que crescer e ir perdendo vestes
Oh que difícil não é criar um homem para deus
Ruy Belo, in “Aquele Grande Rio Bufrates”
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