terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Natália Correia


            Natália de Oliveira Correia nasceu em Fajã de Baixo, São Miguel, no dia 13 de Setembro de 1923, e faleceu em Lisboa, no dia 16 de Março de 1993. Foi uma intelectual, poeta (a própria recusava ser classificada como poetisa por entender que a poesia era assexuada, ou seja, não deveria distinguir-se pelo facto de o autor ser homem ou mulher) e ativista social açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. 
            Quando tinha apenas 11 anos, o pai emigrou para o Brasil, fixando-se Natália Correia com a mãe e a irmã em Lisboa, cidade onde fez estudos liceais no Liceu D. Filipa de Lencastre. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infanto-juvenil, mas rapidamente se afirmou como poetisa.
            Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do “Hino dos Açores”, juntamente com José Saramago  (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Tem uma biblioteca com o seu nome em Lisboa, mais precisamente, em Carnide.
            A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das tertúlias (conversas, colóquios) que reuniram em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções (regras) sociais, vigorosa e polémica (nem sempre aceite por todos), que se reflete na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.

poemas:

Paz

Irreprimível natureza
Exacta medida do sem fim
Não atinjas outras distâncias
Que existem dentro de mim.

Que os meus outros rostos não sejam
O instável pretexto da minha essência.
Possam meus rios confluir
Para o mar duma só consciência.

Quero que suba à minha fronte
A serenidade desta condição:
Harmonia exterior à estátua
Que sabe que não tem coração


Natália correia, in “Poemas" (1955)



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