quinta-feira, 30 de novembro de 2017



MÓDULO Nº 11 – Textos de Teatro II

Competências visadas

Competências transversais
De Comunicação: componentes linguística, discursiva/textual, sociolinguística, estratégica
Estratégica: estratégias de leitura e de escuta adequadas ao tipo de texto e à finalidade; operações de planificação, execução e avaliação de textos orais e escritos; pesquisa em vários suportes; mobilização de saberes adquiridos e recurso a instrumentos de análise já utilizados; elaboração de ficheiros; utilização do TIC
Formação para a cidadania: apresentação e defesa de opiniões; reconhecimento do processo dialéctico na transmissão dos valores da herança política, social e cultural; reconhecimento da importância da herança do passado na construção do presente; assunção de valores da democracia, da liberdade e da responsabilidade como valores consensuais a defender; desenvolvimento do espírito de grupo para avaliação crítica de comportamentos e situações
Competências nucleares
Conteúdos
Leitura

Leitura literária

Textos informativos diversos

Felizmente Há Luar!, de Luís Sttau Monteiro

Compreensão Oral

Documentários sobre a ditadura Canções de intervenção

Expressão Oral

Debate

Expressão Escrita

Dissertação

Funcionamento da Língua

Previsível
Texto Tipologia textual

Potencial

Consolidação dos conteúdos dos módulos anteriores

Objetivos de Aprendizagem
Distinguir a matriz discursiva de vários tipos de texto
Adequar o discurso à situação comunicativa
Distinguir factos de sentimentos e opiniões
Reconhecer a dimensão estética da língua
Contactar com autores do património cultural nacional e universal
Programar a produção da escrita e da oralidade observando as fases de planificação, execução, avaliação
Produzir textos de diferentes matrizes discursivas
Refletir sobre o funcionamento da língua
Interagir com o universo temporal recriado pelo texto
Confrontar as coordenadas sociais, históricas e ideológicas de épocas distintas
Interagir de forma crítica e criativa com o universo do texto dramático




Luís de Sttau Monteiro


Luís Infante de Lacerda de Sttau Monteiro nasceu em Lisboa, no dia 3 de Abril de 1926 e faleceu em Lisboa, no dia 23 de Julho de 1993. Foi um escritor português do século XX.
Com dez anos, mudou-se para Londres com seu pai, Armindo Monteiro, embaixador de Portugal. Contudo, em 1943, este último é demitido do seu cargo por Salazar, o que os levou a regressar a Portugal.
Já em Lisboa, licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tendo trabalhado como advogado por um curto período de tempo dedicando-se, depois de nova passagem pelo Reino Unido, ao jornalismo.
A sua estadia em Inglaterra, durante a juventude, colocou Sttau Monteiro em contacto com alguns movimentos de vanguarda da literatura anglo-saxónica. Na sua obra narrativa retratou ironicamente certos estratos da burguesia lisboeta e aspetos da sociedade portuguesa sua contemporânea.
Ao regressar a Portugal, colabora em diversas publicações, destacando-se a revista Almanaque (onde usou o pseudónimo Manuel Pedrosa) e o suplemento A Mosca do Diário de Lisboa. Neste último, cria a secção Guidinha.
Sttau Monteiro estreou-se nas publicações em 1960, com Um Homem não Chora, a que se seguiu Angústia Para o Jantar (1961).
Como dramaturgo, destaca-se logo em 1961 com o drama narrativo histórico Felizmente há Luar!, uma peça situada na linha do teatro épico. Esta obra foi galardoada com o “Grande Prémio de Teatro” atribuído pela Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (atual SPA), mas a sua representação foi, no entanto, proibida pela censura.
Sttau Monteiro foi preso por suspeita de ter colaborado na "Intentona de Beja" de 1962 o que o levou a que voltasse a viver, entre 1962 e 1967, na Inglaterra. Regressado a Portugal, foi preso pela PIDE em 1967, pelas críticas à ditadura vigente e à guerra colonial incluídas nas suas peças satíricas A Guerra Santa (1967) e A Estátua (1967).
Só após a Revolução do 25 de Abril a sua peça Felizmente há Luar! foi apresentada nos palcos nacionais. Aconteceu primeiro em 1975 pelo TEB - Teatro Ensaio do Barreiro seguindo-se, em 1978, a representação pela companhia do Teatro Nacional D. Maria II.
Sttau Monteiro foi ainda colaborador de semanários como o Se7e, O Jornal ou Expresso.
Em 1985, o seu romance inédito Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão serviu de argumento à telenovela Chuva na Areia.

Obras

Ficção

1960 - Um Homem não Chora (Lisboa: Ática) OCLC 65784035 (inclui a novela Por-do-Sol no Areeiro)
1961 - Angústia para o Jantar (Lisboa: Ática) OCLC 7288411
1966 - E se for Rapariga Chama-se Custódia (Lisboa: Movimento) OCLC 463087920
1985† - Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão (romance inacabado inédito)

Teatro

1961 - Felizmente Há Luar!  (Lisboa: Jornal do Fôro) OCLC 14290020
1963 - Todos os Anos, pela Primavera  (Lisboa: Guimarães Editores) OCLC 7288395
1966 - A Guerra Santa (Lisboa: Ed. Minotauro) OCLC 174866880
1967 - A Estátua (Lisboa) OCLC 729614303
1968 - As Mãos de Abraão Zacut (Lisboa: Atica) OCLC 694023679
1971 - Sua Excelência (Lisboa: Ed. Ática) OCLC 246491114

1981 - Crónica Atribulada do Esperançoso Fagundes (Lisboa: Ática) OCLC 934241253

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Sttau_Monteiro




Trabalho em segurança?


No passado dia 2 de dezembro, sábado, eu estava a trabalhar com meu pai, para o ajudar. Quando estava a soldar uma peça da torre do rádio, comecei a sentir dores nos olhos, porque o trabalho levou mais de três horas e meia. O ardor na visão intensificou-se, pois, apesar de ter estado a soldar com máscara, ela não estava boa, porque tinha uma falha no vidro e a proteção não foi suficiente.
À noite, eu fui para a minha casa, depois fui tomar banho, os meus olhos estavam muito vermelhos e tinha dores muito fortes. Por isso, eu não conseguia ver TV, nem utilizar o computador, nem ler um livro. Tive de manter os olhos fechados e ficar em casa a repousar.
Na manhã de domingo, eu acordei às 9:20 horas e os meus olhos estavam sujos e eu não os conseguia abrir. Então eu fui lavar a minha cara com água e, depois, já conseguia ver, embora com dificuldade. Fui ao hospital, pelas 11:30 horas, e o doutor observou-me, receitou-me uns pingos e mandou-me ficar em repouso, para recuperar a visão.
Em suma, este acidente no trabalho obrigou-me a permanecer em casa, durante uma semana. Eu estava farto de não poder fazer nada, tinha de dormir cedo, mas tinha dificuldade em adormecer, pelo que colocava um lenço preto para impedir a luminosidade. Aprendi que a segurança no trabalho é muito importante e que devemos ter muito cuidado com algumas tarefas que realizamos.



Características do texto dramático

O texto dramático é escrito para ser representado. Normalmente, não tem narrador e predomina o discurso na segunda pessoa (tu/vós).

É composto por dois tipos de texto:
Texto principal composto pelas falas dos atores que é ouvido pelos espetadores;
Texto secundário (ou didascálico) que se destina ao leitor, ao encenador da peça ou aos atores.

É constituído:
Pela listagem inicial das personagens;
Pela indicação do nome das personagens no início de cada fala;
Pelas informações sobre a estrutura externa da peça (divisão em actos, cenas ou quadros);
Pelas indicações sobre o cenário e guarda-roupa das personagens;
Pelas indicações sobre a movimentação das personagens em palco, as atitudes que devem tomar, os gestos que devem fazer ou a entoação de voz com que devem proferir as palavras.

Estrutura interna e externa
Estrutura externa – o teatro tradicional e clássico pressupunha divisões em atos, correspondentes à mudança de cenários, e em cenas, equivalentes à mudança de personagens em cena.
O teatro moderno, narrativo ou épico, põe de parte estas regras tradicionais de divisão na estrutura externa.

Estrutura interna – uma peça de teatro divide-se em:
• Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da ação;
• Conflito – conjunto de peripécias que fazem a ação progredir;
• Desenlace – desfecho da ação dramática.

 Ação – é marcada pela actuação das personagens que nos dão conta de acontecimentos vividos.

Classificação das Personagens:
* Quanto à sua conceção:
Planas ou personagens-tipo – sem densidade psicológica uma vez que não alteram o seu comportamento ao longo da ação. Representam um grupo social, profissional ou psicológico;
Modeladas ou Redondas – com densidade psicológica, que evoluem ao longo da ação e, por isso mesmo, podem surpreender o espectador pelas suas atitudes.
* Quanto ao relevo ou papel na obra:
Protagonista ou personagem principal
Personagens secundárias
Figurantes
 Coletivas

Didascálias:
  À semelhança de qualquer peça de teatro, Felizmente há Luar! apresenta dois textos paralelos: um constituído pelas falas das personagens e outro, mais extenso e minucioso do que é habitual, de carácter descritivo, analítico e, por vezes, judicativo. São as chamadas didascálias ou indicações cénicas.
          Por vezes, elas são consideradas um texto menor no conjunto do texto dramático. No entanto, na realidade, constituem um complemento essencial ao texto principal.
          Na peça, há dois tipos de didascálias. Um acompanha as falas das personagens, aparece em itálico e, por vezes, entre parênteses, preenchendo o papel tradicional deste tipo de texto: indicação do nome das personagens, das suas movimentações em cena, do seu tom de voz, gestos, guarda-roupa, etc. O outro surge ao lado do texto principal, é mais extenso e constitui uma forma de «análise interpretativa do texto principal».



Tipos de caracterização:
Direta – a partir dos elementos presentes nas didascálias, da descrição de aspectos físicos e psicológicos, das palavras de outras personagens, das palavras da personagem a propósito de si própria.
Indireta – a partir dos comportamentos, atitudes e gestos que levam o espectador a tirar as suas próprias conclusões sobre as características das personagens.

Espaço – o espaço cénico é caracterizado nas didascálias onde surgem indicações sobre pormenores do cenário, efeitos de luz e som. Coexistem normalmente dois tipos de espaço:
Espaço representado – constituído pelos cenários onde se desenrola a acção e que equivalem ao espaço físico que se pretende recriar em palco.
Espaço aludido – corresponde às referências a outros espaços que não o representado.

 Tempo:
Tempo da representação – duração do conflito em palco;
Tempo da acção ou da história – o(s) ano(s) ou a época em que se desenrola o conflito dramático;

Tempo da escrita ou da produção da obra – altura em que o autor concebeu a peça.




Estado Novo


Estado Novo foi o regime político autoritário, autocrata e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde a aprovação da Constituição de 1933 até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974.

O regime foi fundado por Salazar, que conservou a forma de governo republicana mas nunca adotou a designação "II República", preferindo designar-se "Estado Novo". 


António de Oliveira Salazar


António de Oliveira Salazar, nasceu em Vimieiro, Santa Comba Dão, no dia 28 de abril de 1889 e faleceu em Lisboa, no dia 27 de julho de 1970. Foi um estadista nacionalista português que, além de chefiar diversos ministérios, foi presidente do Conselho de Ministros e professor catedrático de Economia Politica, Ciência das Finanças e Economia Social da Universidade de Coimbra. Doutor Honoris causa, em 1940, pela Universidade de Oxford.
Nascido no seio de uma família humilde de pequenos proprietários agrícolas, o seu percurso no Estado português iniciou-se quando foi escolhido pelos militares para Ministro das Finanças durante um curto período de duas semanas, na sequência da Revolução de 28 de Maio de 1926. Foi substituído pelo comandante Filomeno da Câmara de Melo Cabral após o golpe do general Gomes da Costa. Posteriormente, foi de novo Ministro das Finanças entre 1928 e 1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas. Ficou também para a história como o estadista que mais tempo governou Portugal, desempenhando funções em ditadura entre 1932 e 1933, e de forma autoritária, desde o início da segunda república até ser destituído em 1968.
Figura de destaque e promotor do Estado Novo entre 1933 e 1974, e da sua organização política, a União Nacional, Salazar dirigiu os destinos de Portugal como presidente do Ministério de forma ditatorial entre 1932 e 1933 e, como Presidente do Conselho de Ministros entre 1933 e 1968.


Manuel Gonçalves Cerejeira


            Manuel Gonçalves Cerejeira, nasceu em Vila Nova de Famalicão, Lousado, Santa Marinha, no dia 29 de Novembro de 1888 e faleceu em Amadora, Buraca, no dia 2 de Agosto de 1977 ou Lisboa, Benfica, 11 de Agosto de 1977. Cardeal da Igreja Católica, foi o décimo-quarto Patriarca de Lisboa com o nome de D. Manuel II - nomeado em 18 de Novembro de 1929.
Era apoiante do Estado Novo, fundado pelo seu amigo universitário Oliveira Salazar. Apesar dessa ligação houve grandes tensões na defesa de cada uma das suas posições: os interesses do Estado, por parte de Salazar e os da Igreja, por Cerejeira.
Resignou ao governo do Patriarcado em 10 de Maio de 1971, sendo substituído por D. António Ribeiro. Morre poucos anos depois e o seu corpo encontra-se no Panteão dos Patriarcas de Lisboa.


Gomes Freire de Andrade


Gomes Freire de Andrade e Castro, Gomes Freire de Andrade ou, simplesmente, Gomes Freire, nasceu em Viena, no dia 27 de janeiro de 1757 e faleceu
Oeiras, em São Julião da Barra, no dia 18 de outubro de 1817. Foi um general português.
            Destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo em 1782 promovido a alferes. Passou à carreira naval na Armada Real, embarcando em 1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas de Carlos III de Espanha no bombardeamento de Argel. Regressou a Lisboa em setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em abril de 1788 voltou à carreira do exército e ao antigo regimento no posto de sargento-mor.
Regressado a Portugal, depois da ocupação de Portugal pelos Franceses, veio a integrar à frente a "Legião Portuguesa" criada por Jean-Andoche Junot e que, colocado sob o comando do marquês de Alorna, partiu para França em Abril de 1808, onde vem a ser recebida por Napoleão Bonaparte no dia 1 de Junho. Combateu em Espanha, Alemanha, Suíça, Áustria e Polónia e participou na campanha da Rússia, até 1813. Foi, ainda, Governador Militar de Danzig, em 1812, de Jena, em 1813, e de Dresden, em 1813, na Alemanha, e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Jena em 1813. Esteve preso, e passou a França e à Grã-Bretanha e Irlanda, regressando, finalmente, a Portugal, em Maio de 1815, onde, depois de estar novamente preso, o declararam inocente, embora sem o reintegrarem no Exército.

Natal
Que deu luz a Jesus!
Tempo de sentimentos bons nas pessoas
Tempo da família em felicidade
Tempo de o coração sentir amor
Tempo de muitas luzes na rua
Tempo em que as pessoas vivem a amizade

Que haja muitos nascimentos neste Natal
Que amemos as crianças neste Natal
Que a Terra tenha verdade neste Natal!  


Francisco Ferreira, 4/01/2018




A Corte no Brasil

         Em Portugal, a vitória do Liberalismo foi precedida de vários episódios de revolta, nomeadamente a conspiração de 1817, que vitimou vários portugueses inconformados com a política vigente. A ausência do monarca D. João VI, instalado com a corte no Brasil, deixara a metrópole à mercê do governo constituído por uma junta de governadores, entre os quais se contava o Marechal William Beresford, representante do poder militar britânico. O país vivia uma situação de declínio económico, social e comercial e sentia-se abandonado pelo seu rei.


José Hermano Saraiva, História Concisa de Portugal, Publicações Europa-América, Lisboa, 1987.




O Estado Novo e a censura


A censura à imprensa periódica foi instituída em 24 de Junho de 1926 e mantida até 1974. Aos poucos foi-se estendendo aos outros meios de comunicação, tais como o teatro, o cinema, a rádio e a televisão. Nenhuma palavra ou imagem podia ser publicada, pronunciada ou difundida sem prévia aprovação dos censores. De todos os mecanismos repressivos, a censura foi sem dúvida o mais eficiente, aquele que conseguiu manter o regime sem alterações estruturais durante quatro décadas. Visou assuntos, não apenas políticos e militares, mas também morais e religiosos, normas de conduta e toda e qualquer notícia suscetível de influenciar a população num sentido considerado perigoso.
            Embora a censura não se aplicasse aos livros, estes podiam ser frequentemente retirados do mercado por ordem das autoridades. Neste caso, tanto autores como editores podiam estar sujeitos a castigo.


A.H de Oliveira Marques, Breve História de Portugal.





Humberto Delgado



Humberto da Silva Delgado Torres Novas, Brogueira, Boquilobo, nasceu no dia 15 de Maio de 1906, em Torres Novas, e faleceu em Olivença, no dia 13 de Fevereiro de 1965. Foi um militar português da Força Aérea que corporizou o principal movimento de tentativa de queda do regime salazarista através de eleições, tendo contudo sido derrotado nas urnas, num processo eleitoral fraudulento que deu a vitória ao candidato do regime vigente, Américo Tomás.

Foi assassinado em 13 de fevereiro de 1965, pela PIDE, que lhe preparou uma cilada em Badajoz.


Ficou popularmente conhecido como o General sem Medo.



Felizmente há luar!

Caracterização das personagens

Gomes Freire de Andrade («que está sempre presente embora nunca apareça») é uma personagem virtual, uma vez que nunca aparece em cena, mas está sempre presente, sendo, aliás, o motivo de todo o enredo. Desta forma, é tido como um herói e representa a integridade e a recusa à subserviência. O General é morto porque «é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado» (p.71), assim «a simples existência de certos homens é já um crime» (p.95).

            Citações caracterizadoras da personagem

p. 20 Antigo Soldado - «Um amigo do povo. Um homem às direitas! Quem fez aquele não fez outro igual…»
p. 23 Manuel - «Estrangeirado ou não, é capaz de se bater com os senhores do Rossio…»
p. 32 Vicente - «… a ninguém tem o povo mais amor do que ao primo de V.Excelência. Soldado distinto, súbdito fiel… em ninguém põe o povo mais esperança do que no general…»
p. 71 D. Miguel - «…aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado…»
p.74 D. Miguel - «Morte ao traidor Gomes Freire de Andrade!»
p. 79 Manuel - «Esta madrugada prenderam Gomes Freire… Levaram-no, escoltado, para S. Julião da Barra. Já de lá não sai vivo!»
p. 112/113 Matilde - «O meu homem! O meu homem, que nunca lutou com gente desta… Metido numa masmorra, ele, que se bateu sempre em campo aberto…»
p. 117 Sousa Falcão - «Lembre-se que são primos, e antigos camaradas de armas… Um é franco aberto leal. O outro é a personificação de mediocridade consciente e rancorosa. Gomes Freire perdoaria a D. Miguel Forjaz, mas D. Miguel Forjaz vai enforcar Gomes Freire.»
p. 125 Matilde - «O vosso credor Gomes Freire d’Andrade está numa masmorra por amor da justiça»
p. 126 Frei Diogo - «Se há santos, Gomes Freire é um deles…»
p. 127 Frei Diogo - «Foi um privilégio que Deus lhe deu – o de viver ao lado dum homem como o general Gomes Freire.»

Matilde («a companheira de todas as horas») autocaracteriza-se nas pp. 91 e 92. Amante, esposa e companheira de Gomes Freire, é uma mulher de carácter forte, vibrante, corajosa, recusa a hipocrisia, odeia a injustiça e o materialismo, no entanto, no final da peça apresenta-se desesperada pelo sofrimento íntimo que toda a situação que envolve Gomes Freire lhe provoca.
                        Citações caracterizadoras da personagem
p. 82 Rita - «A mulher ficou a chorar até de manhã. Passei-lhe à porta e ouvi-a a soluçar.» «Como ela chorava, santo Deus! Parecia um animal ferido a ganir à beira de uma estrada…»
p. 85/6 Matilde - « Ele dava-me a mão, eu dava-lhe a minha, e ficávamos, para aqui, a conversar (…) Enquanto tiver voz para gritar… Baterei a todas as portas, clamarei por toda a parte, mendigarei, se for preciso, a vida daquele a quem devo a minha!»
p. 91 Matilde – desde «Sou Matilde de Melo…» até «… Sou a mulher do General Gomes Freire d’Andrade»
p. 97 Matilde - «… troco a minha vida pela dele! Fazei-me sofrer, matai-me torcida de dores e abandonada de todos, mas, a ele, dai-lhe uma morte que o não mate de vergonha!»
p. 139 Matilde - «Vê-a bem, minha vida, porque, quando a fogueira se apagar, tens de te ir embora… Eu não vou contigo, mas verás que é por pouco tempo… Isso, pelo menos, me dará Deus…»

Sousa Falcão («o inseparável amigo») é o amigo incondicional de Gomes Freire e Matilde. Representa a impotência perante o despotismo dos governadores. Tem visão crítica, embora já não acredite na justiça. Por ter sido sempre companheiro de Gomes Freire, admite a sua cobardia numa perspetiva de reconhecimento individual face à integridade do General. 
            Citações caracterizadoras da personagem
p. 136 Sousa Falcão - «Não estou de luto por ele…» até «… é por mim que estou de luto, Matilde! Por mim!...»

Manuel («o mais consciente dos populares») representa o povo português, oprimido e impotente para alterar o seu destino, mostra-se resignado, rendendo-se ao conformismo, por saber que nada pode fazer. A esperança que deposita no General, transforma-se no cansaço de sobreviver num mundo em que a sorte irremediável da classe a que pertence o conduz ao anonimato e à mendicidade.
            Citações caracterizadoras da personagem
p. 15 Manuel – desde o início do Acto I até nós não passamos do mesmo sítio.»p.16
p. 105 Manuel - «Perguntou-nos há pouco…» até «… Então a terra já é só deles.»

Os Populares («pano de fundo permanente») funcionam como coro, representando o povo oprimido e denunciando a violência a que são sujeitos e a pobreza.
                       
D. Miguel («consciencioso governador do reino que pretende acabar com a gangrena») simboliza a decadência do país que governa, possuindo o espírito decrépito e caduco que impede a evolução do país. O seu caráter megalómano e prepotente alia-se à cobardia e ao calculismo político desprovido de integridade. É corrupto, desumano, mesquinho, hipócrita e tem uma ambição desmedida.
            Citações caracterizadoras da personagem
p. 55 D. Miguel - «Senhores! A paz deste Reino…» até «… anarquia das almas!»
p. 69 D. Miguel - « Eu também tenho medo, senhores…» até «…fosse dado escolher os vossos chefes?»
p. 119 Criado - «Sua Ex.ª não recebe amantes de traidores e amigos dos inimigos d’el-rei.»

Principal Sousa («consciencioso governador do reino que pretende acabar com a gangrena») é o representante do poder eclesiástico, autocrático e dogmático, fanático na defesa de práticas que não pratica. Odeia os franceses e afirma ser o defensor espiritual de «um rebanho sem cérebro» pois «a sabedoria é tão perigosa como a ignorância».
            Citações caracterizadoras da personagem
p. 36 Principal Sousa - «E talvez não, meu filho…» até «… Compreendes, meu filho?»
p. 38 Principal Sousa - «Vá, meu filho…» até «…proteja na sua missão»
p. 40 Principal Sousa - «Maior é, por isso mesmo…» até «… povo tem que continuar a ver, no Céu, a Cruz de Ourique».
p. 72 Principal Sousa - «Agora me lembro de que há anos…» até «… a meu irmão Rodrigo!»
p. 123 Matilde «…mas o senhor, que condena inocentes a quem aconselha…» até «…o senhor pague o que lhe deve.»

Beresford («consciencioso governador do reino que pretende acabar com a gangrena») é um general inglês enviado para Portugal, que assume o cargo de chefe supremo do exército e é investido de plenos poderes por D. João VI. Representa o poder calculista e o interesse material, sob a capa do auxílio militar, o que o torna num mercenário. É trocista e mordaz, despreza Portugal, vivendo cá somente por interesse económico.
            Citações caracterizadoras da personagem
p. 57 Beresford - «Porque não tenciono regressar…» até «… farei tudo o que for necessário para os continuar a receber!»
p. 63 Beresford - «A minha missão consiste…» até «…inimigo comum, se não tiver cuidado.»
p. 99 Matilde - «Sr Marechal: quanto vale, para vós, a vida dum homem?» até Beresford «Não há mais nada a considerar, minha senhora.»

Vicente («um provocador em vias de promoção») é um dos traidores do povo que, por dinheiro, “não olha a meios para atingir os seus fins”. Símbolo da hipocrisia e oportunismo é servil e materialista. Sente-se revoltado por pertencer à classe social do povo que tanto despreza, vendo, por isso, na traição, uma saída para a sua vida.
                        Citações caracterizadoras da personagem
p. 21 Vicente - «Se ele quisesse? Mas se ele quisesse o quê?» até «… encher a pança! Disso podes estar certo…»
p. 27 Vicente - «É verdade que nasci aqui…» até «…Mas vocês não podem perceber isto»
p. 30 Vicente - «Cheira-me a coisa graúda… se eu souber fazer render o peixe, sou capaz de acabar com uma capela… ou chefe de polícia, quem sabe?»
p. 31 Vicente - «Os degraus da vida são logo esquecidos… » até «… por quem o serve com tanta dedicação…»

Fonte:http://12portugues-cad.blogspot.pt/2012/04/caracterizacao-de-personagens-em.html

Fonte: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/felizmente-ha-luar-parte-i/#sthash.LK68DVsY.dpbs


Espaço

Espaço Físico:
·         O espaço reproduzido em cena é muito sóbrio/simples, pelo que os poucos elementos em cena têm um papel altamente simbólico;
·         Trata-se da cidade de Lisboa: Forte S. Julião da Barra, campo de Sant’ Ana (que passará a ser designado Campo dos Mártires da Pátria por causa de Gomes Freire);
·         Referem-se também as fogueiras (que fazem lembrar os autos de fé, ou seja, julgamentos e respectivas execuções públicas de pessoas consideradas, muitas vezes sem provas factuais, inimigas da Fé Católica e do Rei).

Espaço Social:
·         As ruas estão recheadas de populares muito pobres, doentes ou incapacitados, mas que se movimentam com muito medo do Poder;
·         Do lado do Poder, vemos a polícia (que surge sempre precedida de tambores).

Espaço Psicológico:
·         Este tipo de espaço encontra-se sobretudo nos discursos da personagem Matilde, quando esta reflete sobre a sua casa e os tempos de profundo amor vividos na companhia de Gomes Freire. A casa nunca é vista em cena, mas torna-se muito presente pelas refêrencias de Matilde.

Tempo

Tempo Histórico:
·         Diz respeito a 1817, ano em que a revolta do Povo de Pernambuco (Brasil) chegou também a Portugal, tendo culminado na conspiração portuguesa da qual resultou o envolvimento e assassinato de Gomes Freire; o Acto I remete para a madrugada/a alvorada de um dia e o Acto II começa na manhã do dia em que prenderam Gomes Freire, isto é, 18 de Outro 1817;
·         Existem ainda referências ao período das Invasões Francesas (1807/1811), momento histórico que confirmou a aproximação entre Portugal e a Inglaterra, a qual viria a enviar um Regente e exércitos para o nosso país, no sentido de evitar a permanência e as vitórias dos franceses;
·         São referidos ainda: o regime absolutista (em que o Rei é escolhido por Deus), alguns pormenores sobre a miséria do povo português, bem como a corrupção constante por parte das classes sociais dominantes.

Tempo da Escrita:
·         O tempo da escrita corresponde a um momento específico da época em que viveu (e escreveu) Sttau Monteiro, ou seja, os anos 50 e 60 do século XX (período do domínio salazarista/fascista);
·         As críticas sociais e políticas que transparecem dos dois Actos da peça estão arquitectadas de modo a atingir os dois momentos históricos: séculos XIX e XX, daí a sua ambiguidade. De facto, Sttau Monteiro consegue descrever o poder, o povo, a miséria e a corrupção, sendo que essa discrição tanto se aplica ao contexto oitocentista como ao salazarista, pois em ambos o povo saía sempre “a perder” com o favoritismo, o conservadorismo, a repressão e a corrupção económica, social e política de quem governava o país.

Século XIX – 1817
Século XX – anos 60
Agitação social que levou à revolta de 1820
Agitação social: conspirações internas; principal erupção da guerra colonial
Regime absolutista e tirano
Regime ditatorial salazarista
Classes hierarquizadas, dominantes, com medo de perder privilégios
Classes exploradas; desigualdade entre abastados e pobres
Povo oprimido e resignado
Povo reprimido e explorado
Miséria, medo, ignorância, obscurantismo mas “felizmente há luar”
Miséria, medo, analfabetismo, obscurantismo mas crença nas mudanças
Luta contra a opressão do regime
Luta contra o regime totalitário e ditatorial
Perseguições dos agentes de Beresford
Perseguições da PIDE
Denuncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento
Denuncias dos “bufos”
Censura à imprensa
Censura total
Repressão dos conspiradores; execução sumaria e pena de morte
Prisão; duras medidas de repressão e tortura; condenação sem provas
Execução de Gomes Freire
Execução de Humberto Delgado
Revolução de 1820
Revolução do 25 de Abril de 1974


Fonte: http://tsilvawebfolio.blogspot.pt/2012/06/felizmente-ha-luar-accao-espaco-tempo.html


Liberdade


A Liberdade pode ser compreendida sob uma perspetiva que denota a ausência de submissão e de servidão bem como a capacidade de ação, de autonomia e de espontaneidade de um sujeito racional.
         A Liberdade também pode ser entendida como a paz e a possibilidade de realização dos nossos sonhos. Por isso, é preciso respeitar as regras da sociedade e agirmos corretamente para não ficarmos com a nossa liberdade condicionada na prisão.
         Quando o governo do Estado Novo obrigou os jovens a integrarem as tropas para irem combater na guerra colonial em África, as pessoas ficaram com a sua liberdade limitada, quer as famílias que ficavam na metrópole, quer os soldados que partiam, quer os povos que eram vítimas de guerra, embora estivessem a viver nos seus países. Tudo isto gerava muitas injustiças, tristeza e não resolvia problemas de ninguém.
         Eu quero liberdade neste mundo porque isso é bom para os seres humanos, permite-nos dizer o que pensamos e fazer aquilo de que gostamos. 

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