Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de
frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao céu voando;
Num' hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
Luís Vaz de
Camões
"Mona Lisa", Leonardo Da Vinci
Análise do soneto
O sujeito poético descreve os seus sentimentos contraditórios,
provocados pela contemplação da amada. “...Só
porque os vi, minha senhora”)
Estrutura externa
Soneto constituído por duas quadras e
dois tercetos
Estrutura Interna
O soneto pode dividir-se em duas partes: os onze primeiros versos, em que se descreve
o estado de alma do sujeito, caracterizado pelo desconcerto;
O último
terceto, em que se “suspeita” que a causa desse estado de espírito deve estar
na visão da senhora. De salientar a enumeração dos efeitos da contemplação da
amada e só no final revelar a causa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário