terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao céu voando;
Num' hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

                                                   Luís Vaz de Camões

                              "Mona Lisa", Leonardo Da Vinci

Análise do soneto

       O sujeito poético descreve os seus sentimentos contraditórios, provocados pela contemplação da amada. “...Só porque os vi, minha senhora”)
         Estrutura externa
         Soneto constituído por duas quadras e dois tercetos
         Estrutura Interna
         O soneto pode dividir-se em duas partes: os onze primeiros versos, em que se descreve o estado de alma do sujeito, caracterizado pelo desconcerto;


         O último terceto, em que se “suspeita” que a causa desse estado de espírito deve estar na visão da senhora. De salientar a enumeração dos efeitos da contemplação da amada e só no final revelar a causa.

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